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Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola (PPGEA) 

UNIVASF 

Seleção 2024.1 

 

Estão abertas as inscrições da seleção de mestrado do programa de pós graduação em engenharia agrícola.

O prazo das inscrições vai de 15 a 29 de Janeiro de 2024. 

Para se inscrever os candidatos devem seguir as instruções dispostas no edital.

 

DEPOIS DE 13 ANOS SOBRADINHO CHEGA A SUA CAPACIDADE MÁXIMA DE ARMAZENAMENTE


Devido as ótimas chuvas ocorridas na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, principalmente em Minas Gerais e na Bahia, a partir de setembro do ano passado (2021), a barragem de Sobradinho, depois de 13 anos, voltou a atingir no final de março seu armazenamento máximo de 34,1 bilhões de metros cúbicos. Sobradinho havia atingido seu volume máximo em 2009, a partir daí começou a experimentar uma diminuição gradativa, atingindo no final de novembro de 2014, um volume extremamente baixo, o pior da história, apenas cerca de 1% do volume útil. Porém, é importante destacar que esta situação gravíssima, a qual chegou Sobradinho, teve duas causas fundamentais:

Primeira - A redução significativa das chuvas, principalmente em Minas Gerais e Bahia entre 2012 e 2014. Essa estiagem foi muito forte, deixando o nível de água ao longo do São Francisco muito baixo, inclusive a primeira fonte de água, na qual começa o Rio São Francisco, na Serra da Canastra/MG, parou de jorrar. Por outro lado, além de Minas Gerais a estiagem também atingiu fortemente outras áreas do Sudeste, especialmente São Paulo, levando a paralização da geração de energia elétrica em todas as hidroelétricas do estado e a interdição de hidrovias importantes, devido ao baixíssimo nível dos rios. A crise hídrica em São Paulo foi tão acentuada, que o sistema Cantareira que abastece a Grande São Paulo, no dia 10/09/2014, atingiu o índice de 9,8% abaixo de seu volume morto.

Segunda – Devido ao grande volume de água liberado por Sobradinho para gerar energia hidroelétrica, a fim de atender as necessidades, principalmente da região Sudeste, apesar do volume de água armazenado, em janeiro de 2014, já se encontrar significativamente baixo para o referido mês, apenas 18%. Por outro lado, mesmo estando entrando (afluência) no lago, apenas cerca de 300 metros cúbicos de água por segundo, a liberação de água (defluência) chegou a ser de até 1300 metros cúbicos por segundo. Isso levou a uma diminuição diária do volume do lago muito significativo, cerca de 86.000.000 m³ (OITENTA E SEIS MILHÕES DE METROS CÚBICOS POR DIA). Mas, além disso, também houve outra situação agravante que contribuiu para a diminuir ainda mais a pouca água da barragem, simultaneamente ocorreram perdas significativas por evaporação, fator normal em períodos de estiagem. Porém, tudo isso foi ignorado.

Essa quantidade de água liberada diariamente de 86.000.000 metros cúbicos, seria suficiente para encher em apenas 6 dias, o maior açude de Pernambuco, Poço da Cruz, na cidade de Ibimirim, que tem uma capacidade de armazenamento de 500 milhões de metros cúbicos. Portanto, em função de tudo que foi dito, concluímos que essa política adotada para Sobradinho, não é adequada e nem boa para o Nordeste, pois a região naturalmente, devido as condições limitadas de suprimento hídrico pelas chuvas, não dispõe de tanta água, como outras regiões do Brasil.

Diante do exposto, Sobradinho ao tingir sua capacidade máxima de armazenamento, representa uma situação de extrema importância sob vários aspectos, pois entre outros benefícios, irá garantir por um bom tempo: a geração de energia elétrica, o fornecimento de água para o desenvolvimento da agricultura irrigada na Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, bem como para a normalização do abastecimento de vários municípios dos estados citados e de outras cidades de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, através da transposição do São Francisco.

Por último, podemos dizer que uma medida mais adequada e inteligente, para que não mais venha acontecer a situação extremamente crítica de novembro de 2014, seria a adoção de uma política voltada para acelerar o processo de ampliação da geração de Energia Solar e da Energia Eólica e, simultaneamente, ir reduzindo gradativamente o uso de água na geração de energia hídroelétrica. Com isso, ter-se-ia mais água disponível para melhorar e ampliar o abastecimento humano, promover o desenvolvimento agropecuário e os demais usos. Contudo, também entendemos que embora hoje pareça algo impossível, a solução hídrica definitiva para o Sertão nordestino e outras regiões semiáridas e áridas do mundo, será a dessalinização da água dos oceanos e seu transporte através de adutoras, para as regiões necessitadas, como já ocorre no Oriente Médio e outras regiões do mundo.   

 

Juazeiro/BA, 4 de abril de 2022.

Prof. Dr. Mário de Miranda Vilas Boas Ramos Leitão

(Coordenador do LabMet/UNIVASF)


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