BOLETIM TÉCNICO SOBRE AS CHUVAS EM PATOS/PB E REGIÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - UNIVASF

LABORATÓRIO DE METEOROLOGIA - LABMET

BOLETIM TÉCNICO SOBRE AS CHUVAS EM PATOS/PB E REGIÃO NO PERÍODO JANEIRO A MARÇO DE 2022

Neste Boletim é feita uma análise do comportamento das chuvas em Patos e região no período de janeiro a março de 2022. Ou seja, comparou-se as chuvas observados nos três primeiros meses de 2022, com as médias históricas de chuvas registradas pela SUDENE. Foram contempladas inicialmente as cidades da região que têm 60 anos ou mais de dados de chuva: Catingueira, Condado, Desterro, Imaculada, Mãe D’ Água, Malta, Passagem, Patos, Salgadinho, Santa Luzia, São Mamede, São José de Espinharas, Teixeira e Vista Serrana. Também, são mostrados os dados de chuvas registrados no mesmo período nas cidades de Areia de Baraúnas, Cacimbas, Cacimba de Areis, Quixaba, São José do Sabugi, São José do Bonfim e Várzea. Porém, como estas cidades ainda não têm uma série de dados de chuvas igual ou maior do que 30 anos, não foi possível fazer-se comparação detalhada como no caso das outras 15 cidades.

A análise para janeiro de 2022

Conforme pode ser observado na Tabela 1, em todas as 15 primeiras cidades, os índices de chuva em janeiro foram superiores ao índice médio esperado para o referido mês. Com destaque para as cidades de Desterro e Vista Serrana que tiveram os maiores percentuais de chuva em relação à média (581,4% e 509,7%). Ou seja, nestas duas cidades choveu respectivamente, cerca de 6 e 5 vezes o índice esperado para janeiro. O índice médio de chuva na região foi bastante expressivo (211,1%), cerca de duas vezes o valor esperado para o mês.

O maior índice chuva foi registrado em Condado (345,7 mm), esse valor representa cerca de 4 vezes a média de chuva esperada para o mês de janeiro (71,4 mm). No entanto, em Desterro, apesar de ter chovido menos do que em Condado (241,2 mm), teve proporcionalmente em janeiro o maior índice de chuva em relação à média (35,4 mm), cerca de 6 vezes a chuva esperada para o este mês, seguida da cidade de Vista Serrana, que choveu 252,4 mm, cerca de 5 vezes a chuva esperada para o mês de janeiro (41,2 mm). Na região como um todo, o índice médio de chuva em janeiro foi de 199,3 mm, cerca 3 vezes a média esperada em janeiro (65,2 mm). Portanto, em Patos e toda região circunvizinha, janeiro de 2022 foi muito chuvoso.

Tabela 1. Índice de chuva de janeiro/2022; índice médio de janeiro; diferença entre o índice de janeiro/2022 e a média de janeiro; e o percentual em relação à média de janeiro.

CIDADE

JANEIRO DE 2022 (mm)

MÉDIA DE JANEIRO (mm)

DIFERENÇA JANEIRO 2022 -MÉDIA (mm)

ÍNDICE PERCENTUAL (%)

CATINGUEIRA

331,0

84,7

246,3

290,8

CONDADO

345,7

71,4

                             274,3

384,2

DESTERRO

241,2

35,4

205,8

581,4

IMACULADA

217,4

53,5

163,9

306,4

MÃE D'ÁGUA

233,5

68,6

164,9

240,4

MALTA

264,7

66,4

198,3

298,6

PASSAGEM

117,7

70,4

  47,3

  67,2

PATOS

191,1

65,6

125,5

191,3

SALGADINHO

  96,7

32,1

  64,6

201,2

SANTA LUZIA

144,1

44,5

  99,6

223,8

SANTA TEREZINHA

191,1

74,8

116,3

155,5

SÃO MAMEDE

115,3

68,5

  46,8

  68,3

SÃO JOSÉ DE ESPINHARAS

219,7

83,2

136,5

164,1

TEIXEIRA

135,9

66,9

  69,0

103,1

VISTA SERRANA

252,4

41,4

211,0

509,7

REGIÃO

199,3

 65,2

134,1

305,7

                                                                    Fonte dos dados: AESA/PB

A análise para fevereiro de 2022

Contudo, apesar de janeiro ter sido muito chuvoso, pode ser observado na Tabela 2, que em fevereiro apenas nas cidades de Mãe D’Água, Desterro e Vista Serrana, os índices de chuva foram acima da média (135,9 mm; 127,8 mm e 98,0 mm, respectivamente). Nas demais cidades, os índices foram abaixo da média, com destaque para Imaculada e Salgadinho que tiveram os menores índices de chuva (21,5 mm e 36,7 mm, respectivamente). Na região como um todo, o índice médio de chuva foi de apenas 82,2 mm, valor que representa apenas 66,1% da média esperada para a região em fevereiro (124,3 mm). Portanto, as chuvas registradas no mês de fevereiro em Patos e praticamente em quase toda região circunvizinha, tiveram índices abaixo da média esperada e bem baixos, comparados aos índices registrados no mês de janeiro.

Tabela 2. Índice de chuva de fevereiro/2022; índice médio de fevereiro; diferença entre o índice de fevereiro/2022 e a média de fevereiro; e o percentual em relação à média de fevereiro.

CIDADE

FEVEREIRO DE 2022 (mm)

MÉDIA DE FEVEREIRO (mm)

DIFERENÇA FEVEREIRO 2022 -MÉDIA (mm)

ÍNDICE PERCENTUAL (%)

CATINGUEIRA

100,6

156,2

-55,6

-35,6

CONDADO

103,3

130,6

-27,3

-26,9

DESTERRO

127,8

  87,6

40,2

                  45,9

IMACULADA

21,5

106,6

-85,1

                 -79,8

MÃE D'ÁGUA

135,9

123,9

12,0

                    9,7

MALTA

63,7

123,6

-59,9

-48,5

PASSAGEM

104,9

141,4

-36,5

-25,8

PATOS

97,6

132,6

-35,0

-26,4

SALGADINHO

36,7

  64,8

-28,1

-44,2

SANTA LUZIA

56,8

102,7

-45,9

-44,7

SANTA TEREZINHA

99,5

161,8

-62,3

-29,5

SÃO MAMEDE

61,9

148,0

-86,1

-58,2

SÃO JOSÉ DE ESPINHARAS

63,8

153,3

-89,5

-58,4

TEIXEIRA

61,1

142,5

-81,4

-56,1

VISTA SERRANA

98,0

  88,8

   9,2

                  10,4

REGIÃO

82,2

124,3

-42,9

-33,9

                                                                                 Fonte dos dados: AESA/PB

A análise para março de 2022

Conforme pode ser observado na Tabela 4, em 13 cidades, os índices de chuva em março foram superiores ao índice médio esperado para o referido mês. Com destaque para as cidades de Patos e Imaculada que tiveram os maiores percentuais de chuva em relação à média (185,0% e 167,4%). Ou seja, choveu respectivamente nestas duas cidades, cerca de 2 vezes e 1,6 vezes o índice esperado para março. No entanto, a cidade de Mãe D’Água em março teve um índice de chuva 62,8 mm menor do que a média, enquanto Santa Teresinha teve um índice de chuva menor de apenas 2,8 mm, o que pode ser considerado como igual a média. No caso da região o índice médio em março foi de 246,4 mm, o que corresponde a 51,9 mm, acima da média esperada para o mês ou 28,9% superior à média.

Tabela 3. Índice de chuva de março de 2022; índice médio de março; diferença entre o índice de março/2022 e média de março; e o percentual em relação à média de março.

CIDADE

MARÇO DE 2022 (mm)

MÉDIA DE MARÇO (mm)

DIFERENÇA MARÇO 2022 -MÉDIA (mm)

ÍNDICE PERCENTUAL (%)

CATINGUEIRA

384,8

259,6

125,2

 48,2

CONDADO

217,6

214,8

    2,8

   1,3

DESTERRO

172,7

138,4

  34,3

                  24,8

IMACULADA

336,8

169,4

167,4

                  95,8

MÃE D'ÁGUA

149,8

212,6

 -62,8

                 -29,5

MALTA

229,9

219,2

  10,7

   4,9

PASSAGEM

234,1

177,6

  56,5

 31,8

PATOS

391,9

206,9

185,0

 89,3

SALGADINHO

179,7

110,6

  69,1

 62,5

SANTA LUZIA

210,6

157,1

  53,5

 22,3

SANTA TEREZINHA

220,2

223,0

  -2,8

 -1,3

SÃO MAMEDE

241,6

215,2

  26,4

 12,3

SÃO JOSÉ DE ESPINHARAS

252,3

246,3

    6,0

   2,4

TEIXEIRA

217,6

215,4

    2,2

   1,0

VISTA SERRANA

256,0

150,8

105,2

                  67,3

REGIÃO

246,4

194,5

  51,9

 28,9

                                                                                 Fonte dos dados: AESA/PB

A análise para o período janeiro a março

Tomando-se como base os dados constantes da Tabela 4, pode se constatar que nos três primeiros meses de 2022, em Patos e nas 14 cidades circunvizinhas analisadas, as chuvas apresentaram índices acima da média. Ou seja, 531,5 mm, o que representa 150,6 mm acima do índice esperado para o período (44,1% maior do que a média). A cidade de Catingueira foi a que teve o maior índice de chuva em toda região (816,4 mm), o que representa 66,1% acima média esperada para o período. Entretanto, em 3 cidades, os índices ficaram um pouquinho abaixo da média: Santa Teresina -4,7 mm (-1,0%); São Mamede -12,9 mm (-3,0%) e Teixeira -10,1 mm (-2,4%). Patos teve também um índice de chuva muito bom (680,6 mm), esse valor é superior 68% a média de chuva esperada para o período e representa 95,1% do total de chuva esperado para o ano inteiro, que é de 715,3 mm.

Tabela 4. Índice de chuva do período janeiro a março/2022; índice médio do período de janeiro a março; diferença entre o período janeiro a março 2022 e média do período janeiro a março; e o percentual em relação à média do período janeiro a março.

 

CIDADE

MARÇO DE 2022 (mm)

MÉDIA DE MARÇO (mm)

DIFERENÇA MARÇO 2022 -MÉDIA (mm)

ÍNDICE PERCENTUAL (%)

CATINGUEIRA

816,4

500,5

315,9

 63,1

CONDADO

666,6

416,8

249,8

 59,9

DESTERRO

541,7

261,4

280,3

                107,2

IMACULADA

570,6

329,5

241,1

                  73,2

MÃE D'ÁGUA

519,2

405,1

114,1

                  28,2

MALTA

558,3

409,2

149,1

36,4

PASSAGEM

456,7

389,4

67,3

17,3

PATOS

680,6

405,1

275,5

68,0

SALGADINHO

315,5

207,5

108,0

52,0

SANTA LUZIA

411,5

304,3

107,2

35,2

SANTA TEREZINHA

454,9

459,6

  -4,7

-1,0

SÃO MAMEDE

418,8

431,7

-12,9

-3,0

SÃO JOSÉ DE ESPINHARAS

535,8

482,8

53,0

11,0

TEIXEIRA

414,7

424,8

-10,1

-2,4

VISTA SERRANA

606,4

281,0

325,4

               115,8

REGIÃO

531,2

380,6

150,6

44,1

                                                                                 Fonte dos dados: AESA/PB

Na Tabela 5 são apresentados os índices de chuva registrados nos meses de janeiro, fevereiro e março, bem como do período de janeiro a março das cidades de Areia de Baraúnas, Cacimbas, Cacimba de Areis, Quixaba, São José do Sabugi, São José do Bonfim e Várzea. Como foi dito anteriormente, devido estas cidades não terem ainda as normais climatológicas e nem uma série histórica de dados de chuvas, não foi possível efetuar-se uma comparação dos índices de chuvas registrados em 2022, com os respectivos índices médios, a exemplo do que foi feito no caso das outras cidades da região. Contudo, pode ser verificado nos índices apresentados na Tabela 5, que no período de janeiro a março, São José do Bonfim foi entre estas cidades a que teve o maior índice de chuva (571,1 mm), seguido pelas cidades de Quixaba e Cacimba de Areia que também tiveram bons índices de chuva 500,5  e 499,9 mm, respectivamente.

Tabela 5. Índice de chuva de janeiro/2022; índice de chuva de fevereiro/2022; índice de chuva de março/março; e índice de chuva do período janeiro a março/2022

CIDADE

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

PERÍODO

AREIA DE BARAUNAS

108,9

  82,8

181,6

373,3

CACIMBAS

  60,6

  91,6

215,4

367,6

CACIMBA DE AREIA

134,5

117,8

247,6

499,9

QUIXABA

182,2

140,6

177,7

500,5

MATUREIA

  16,9

146,1

182,8

345,8

SÃO JOSÉ DO SABUGI

103,7

101,1

237,6

442,4

SÃO JOSÉ DO BONFIM

191,5

136,6

243,0

571,1

VARZEA

101,6

  42,4

193,3

337,3

                                                     Fonte dos dados: AESA/PB

Observação: é oportuno destacar que as análises feita neste boletim tomaram como base os de chuva que chegaram na AESA/PB, até o dia 31/03/2022. Portanto, pode ser que dados de uma ou outra cidade ainda não tenham chegado na AESA, portanto, não foram contemplados nas análises. Aproveitamos a oportunidade para agradecer a AESA/PB por ter gentilmente cedido ao LABMET/UNIVASF, os dados constantes neste boletim técnico.

Esclarecimentos importantes

É importante esclarecer que para se analisar o comportamento da chuva em um certo local, o procedimento correto é fazer a comparação entre os dados observados em um determinado mês ou período e a média histórica de chuva registrada naquele mês ou período em questão. Para isso, deve se usar a série de dados observados naquele local ao longo de 30 anos ou mais. A comparação entre índices de chuvas (de um mês ou período) de um ano qualquer, com índices de chuva do ano anterior (exemplo: 2022 com 2021), não é recomendada.

Conforme as normas estabelecidas pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM), o órgão da ONU que coordena a meteorologia no mundo, para se avaliar de forma correta o comportamento de qualquer variável meteorológica: chuva, temperatura, umidade, velocidade e direção do vento, entre outras, faz-se necessário ter pelo menos uma média de 30 anos de dados daquele local (normal climatológica) ou mais de 30 anos de dados (série ou média histórica).

A comparação entre dados de um ano em curso com o anterior, pode levar a uma visão equivocada da situação; pois, se o ano anterior foi muito chuvoso e, o atual embora esteja sendo chuvoso e os índices inferiores aos do ano anterior, porém, acima da média, dá a impressão de que o ano atual está sendo pouco chuvoso, quando na realidade ele está acima da média. Por outro lado, se o ano anterior foi pouco chuvoso e, os índices foram abaixo da média e o ano atual está sendo apenas um pouco mais chuvoso, vai se ter uma impressão equivocada de que o ano atual está sendo chuvoso, embora os índices sejam menores do que a média histórica!

 

Juazeiro/Ba, 02 de abril de 2022.

Prof. Dr. Mário de Miranda Vilas Boas Ramos Leitão

Meteorologista e Coordenador do LABMET/UNIVASF

 


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